segunda-feira, 16 de setembro de 2013

MEUS SETENTA ANOS



MEUS  SETENTA  ANOS


Perguntaram-me o que era
Fazer setenta anos
Pensei nas antigas primaveras,
Nas alegrias e desenganos...
Fazer setenta anos
É querer se lembrar
E a memória não ajudar.
É esquematizar o horário
Para os remédios tomar.
É gostar de tudo comer
E ter que se limitar.
Dos doces, esquecer;
O salgado evitar
E da gordura não abusar.
Fazer setenta anos
É sentir que estou velha agora,
Pois me chamam de senhora
Em casa, no comércio ou na rua.
É a verdade nua e crua...
Ou, quando brinco com criança
E me sinto voltar à infância
Ela me sorri e, num gesto só,
Me olha e me chama de vovó.
Mas, ser idoso é até gostoso.
Mormente, quando,
Ao lado disso tudo,
Determinado grupo de estudo
Vem e me homenageia,
Até me presenteia...
Que bom ser lembrada
E sentir-me tão amada!
Nada disso sei que mereço:
Família e tantos amigos!
Ah! Meu Deus, como agradeço!
Por  nunca ser só e sem abrigo!

Elter Castro, 19/07/13

QUEM É VOCÊ, CARIDADE?



QUEM  É  VOCÊ,  CARIDADE?
  
Caridade,
Abstrata, mas sentida.
Concreta, se investida.
Difícil de a deter,
Mas não, de a conhecer,
Porque, em nós, ela se entranha
E se faz tão presente,
Que não mais se estranha,
Por fazer parte da gente.
Mesmo ignorando seu benefício,
Ao saber um irmão a sofrer,
Somos levados ao ofício
De seu problema resolver.
Em todos os passos
Ela vem se colocar
Unindo os laços
Com o verbo amar.
Quando se ama, de verdade,
Ela se faz sempre sentir
E, sem mesmo refletir,
Praticamos a caridade.
Cegos, nos fazemos, porém
Voltados a interesses mesquinhos
Mal sabendo que, também
Assim ficaremos sozinhos.
Porque, sendo luz em nossa vida
Induzindo-nos a sempre servir
E cuidar, do irmão, a ferida,
Nossa dor ela vai suprir.
Urge deixarmos de ser omissos
Se quisermos ser felizes.
Não esquecer os compromissos
É plantarmos nossas raízes.
Quem sai da ignorância
E pratica a tolerância,
Promete dar assistência
E não comete inadimplência,
Pode ficar sem a riqueza material,
Mas viverá na opulência espiritual.
É assim a caridade.
O ar que respiramos,
Constante e muda.
Se a alegria almejamos,
Sempre, fiel, nos ajuda.


Elter castro, 19/07/13